De Marco Antonio de la Parra. Dirección: André Carreira. 6 de marzo al 17 de abril
Entrevistas a André Carreira, Amalia Kassai, Juan Lepore, Milena Moraes. Imágenes del espectáculo
Duración: 65 minutos
CELCIT. Temporada 2014-2015
A disputa de presenças e o lugar do teatro
Quando escreveu a peça A voz humana (1929), o francês Jean Cocteau rebatia quem o acusasse de instrumentalizar seus textos com “estruturas maquinais”. Pois acabara de testar uma pegada mais essencial com um monólogo. Num quarto desarrumado, uma mulher aguarda a ligação telefônica do amante que recém a abandonou. Coube ao dispositivo mediar a oralidade, a escuta, os silêncios e o sentimento amoroso em pedaços. Virou sua obra mais montada ao redor do planeta. Oito décadas depois, Odiseo.com sugere que o músculo da voz expandiu para o corpo inteiro e vaga pela rede mundial de computadores materializando os rearranjos amorosos sob os mesmos intangíveis mistérios da paixão.
O espetáculo conjuga outros formatos de relação e de percepção da arte a partir de ferramentas velozmente incorporadas na pele e na alma de quem vive nas cidades médias urbanas. O edifício teatral, o palco, a plateia, a coxia, os refletores, enfim, essas convenções inexistem por aqui. São as alteridades da comunicação e a discussão da qualidade de atenção (leia-se presença) nos relacionamentos, em todos os níveis, que atraem para a arena dessa navegação antiespetacular, geradora de experiências virtual e presencial imersivas graças à tessitura dramatúrgica para lá de expandida e convicta das janelas que a palavra abre por si mesma.
O código mais assimilável talvez seja o do clássico mote da triangulação dos amantes (ele e ela) e da mulher dele. Três situações combinam planos ficcionais captados por webcam em tempo real (também subvertido lá pelas tantas) e cujas ações transcorrem em três distintos lugares. Ao cabo, a conexão por Skype é pulsão desse sistema cênico-tecnológico que opera sobre os afetos através da imagem e da fala.
Em Itajaí, vinte espectadores roçam os ombros um no outro, bem instalados, para acompanhar, na sala de um sobrado, no bairro São Judas, a intimidade à distância entre a cantora Elisa, amante brasileira que faz dali sua casa, na atuação de Milena Moraes, e o executivo argentino Ulises, hospedado em algum hotel dessas cadeias globais, talvez em Pequim, na atuação do ator Juan Lepore, que também abriga um pequeno público em sua casa, em Buenos Aires.
A terceira figura a pontuar essa história é Laura, de quem se saberá pouco, mas com a qual ele é casado e divida o mesmo teto na capital argentina, sob atuação da chilena Amalia Kassai, moradora em Bremen, na Alemanha.
Cohabitantes desse percurso, os espectadores brasileiros e argentinos não têm diferença no fuso horário. Já o relógio local alemão está adiantado cinco horas. Porém, a participação de Laura se dá apenas no ambiente virtual, isenta de contracenar ao vivo com a audiência ao lado.
A observação crítica aportada desde o olho a olho com Milena Moraes constata como ela sustenta o campo da intimidade sem esmorecer, tendo por testemunhos 20 pares de olhos e ouvidos colados proximamente à atuação. Estamos entre quatro paredes e é como se ela de fato se encontrasse sozinha, desnuda em tesão e apaixonada por Ulises. Está a anos-luz da paciente Penélope da mitologia grega, assim como o trabalho escrito em colaboração pelo chileno Marco Antonio de La Parra e dirigido por André Carreira não leva ao pé da letra o mito retratado na Odisseia, preferindo tomar apenas como pretexto a jornada do herói viajante que retarda sua volta a Ítaca em função das aventuras e obstáculos enfrentados no caminho, levando sua mulher a esperá-lo por anos.
Apesar do aparato que a cerca e das infiltrações performativas – ao conectar o cabo do notebook ao televisor de tela plana ou regular o volume à maneira do contrarregra –, Milena reflete agudamente os conflitos de Elisa preservando a instância do dramático. Estirada no sofá-cama, deslocando-se até a cozinha ou ao banheiro, subindo as escadas para tomar banho no que se presume a suíte (em muitas cenas a atriz está oculta), atendendo sua mãe ao celular, o fato é que o público sente sua presença permanentemente, ausculta seu coração.
Ressalva-se que as sincronias não resultam virtuosísticas; pausas e vazios preenchem igualmente.
As reações de Elisa ao discurso titubeante de Ulises na webcan tornam a presença dele na tela igualmente poderosa nos jogos eróticos, nos rompantes, nas solidões. Ele tem dois filhos e não para em casa, vive nas nuvens, viajando a negócio. Ela é mãe de uma filha, está em processo de separação e nutre expectativa de que Ulises também deixe Laura. A introdução desta na narrativa causa uma guinada temporal e os diálogos desviam para o campo da memória. Do mesmo modo, as mutações dos figurinos de Elisa e Ulises – nomes que se tocam –, da nudez às roupas sociais que os devolverão às ruas, também são indícios de que o real é construído enquanto o tempo das falas e lembranças pode se mover em direções outras.
Entre as interfaces que desdobra, Odiseo.com oferece uma experiência limítrofe da representação em flerte deliberado com conceitos da instalação e da performance. Nada de novo com as desterritorializações e experimentos de fronteiras. Chega a ser prosaico o modus operandi dominado pela maioria da assistência que depende da banda larga ou fibra óptica, ao sabor da precariedade dos serviços de telecomunicação. Em vez do rasgo tecnológico, sobrepõe-se a valorização do ator. Não há a mínima possibilidade de se tropeçar em fios soltos neste emaranhado digital, carnal e desejante disposto de forma clara e pungente, a ponto de não perturbar a vigília ou o sono do “Jazz”, o cão do dono do sobrado anfitrião, deitado ao pé dos espectadores durante toda a sessão. A parceria do Grupo Teatral (E)xperiência Subterrânea, de Florianópolis, com o Centro Latinoamericano de Creación e Investigación Teatral, da Argentina, ora ganha ares de trama de telenovela, pela familiaridade temática, ora atalha com a tensão dos filmes de John Cassavetes. É o teatro defendendo seu lugar na disputa de presenças.
En el anonimato del mundo cibernético las historias de Odiseo.com que tiene a Marco Antonio de la Parra como autor, se entrecruzan traspasando las fronteras del mapa político: Chile, Argentina y Brasil se unifican en una de las salas teatrales del subsuelo del CELCIT para dar vida a una historia centralizada en las nuevas formas de comunicación y sus impersonales relaciones. Skype, teléfonos celulares, video-llamadas son la materia prima de la dramaturgia de Odiseo.com.
Existen muchos interrogantes acerca de la llamada cuestión Homérica, pero si algo es cierto es que “La Odisea” es un poema épico compuesto aproximadamente en el siglo VIII a.C. atribuido al griego Homero en el que se narra la vuelta de Ulises desde Troya hasta Ítaca. No es casual que el protagonista de Odiseo.com se llame Ulises, ya que enfrentará tal como su alter-ego innumerables problemas antes de la vuelta a casa. Ulises porteño es un gerente de una empresa multinacional que tiene a varias mujeres desparramadas por el mundo y se comunica a través de un click virtual alejado del contacto piel a piel. Su esposa, su amante, reclamos, el tiempo que corre impunemente, jet lag y sexo conforman la propuesta digital con dirección de André Carreira que puede verse todos los viernes en el CELCIT.
Explorando los pro y los contras de una escena mediada por la tecnología el resultado es felizmente una nueva forma teatral que señala la liminalidad de eso que llamamos teatro. En “La Odisea” de Homero, la esposa de “Ulises” llamada “Penelope” es aún en la actualidad un símbolo de fidelidad: esperó durante veinte años el regreso de su marido de la guerra de Troya tejiendo un sudario. En Odiseo.com todo parece indicar que la distancia virtual tiene sus costos y lleva a interpelar al espectador acerca de la posibilidad de construir un vínculo por fuera del espacio real poniendo en duda la validez del mismo. Novedosa propuesta, escenografía funcional, ítems digitales y buenas actuaciones hacen de Odiseo.com una de las innovadoras piezas teatrales en la actualidad.
La obra performática desarrollada en tiempo real con tres actores, cada uno trabajando en simultáneo desde una ciudad, Santiago de Chile, Buenos Aires y Florianópolis, visita la comunicación en tiempos de redes, y según el protagonista argentino Juan Lepore puede definirse como, “una forma de experimentar a la distancia que permite al público transformarse en espía de una realidad que no debería presenciar”.
La posibilidad de que el mismo texto sea actuado al unísono en diferentes lugares puede extender los límites de la palabra desafío para ser aplicados a una puesta teatral y ya desde su origen está atravesada por la lógica 2.0 y obliga a mencionar el lugar de residencia de los participantes en la misma.
Escrita por el dramaturgo y psiquiatra chileno Antonio de La Parra y dirigida por André Carreira -vive en la ciudad brasileña de Florianópolis-, surgió a partir de la gestión cotidiana del Celcit donde se relacionan "mucho y todo el tiempo con gente de Iberoamérica a través de las redes, usamos estas herramientas, un día en 2011 se me ocurrió que sería viable armar un espectáculo y pedimos a De La Parra, un amigo de la casa que gusta de la tecnología. que la escribiera", contó Lepore en charla con Télam.
"Cumplimos el sueño -continuó- de trabajar con gente que está lejos, por ejemplo la actriz chilena (Amalia Kassai) ahora está en Berlín, mientras que a la brasileña Milena Moraes no la conozco personalmente e igual contamos la historia de los tres personajes quienes se van relacionando en diferentes momentos, yo trabajo desde un espacio teatral, pero los otros dos son departamentos, con baño, cocina y las cosas de una casa".
El cuento se centra en el día a día de la vida de Ulises, un ejecutivo viajero de una empresa internacional, cuyos vaivenes sentimentales oscilan entre Laura, su esposa residente en Barcelona y su amante de Florianópolis, más las demandas de ambas mujeres a las que intenta responder a través de skype, whatsapp, twitter y facebook.
El soporte técnico de la trama se construye a través de un poderoso servicio de banda ancha, i pads conectados a una televisión de 50 pulgadas bien integrada a la escenografía, con presencia justificada desde la dramaturgia y, "en el equipo hay una asistente que coordina las llamadas entre los tres, realiza una suerte de coreografía llamadas, entre bambalinas escuchas todo", destacó el protagonista.
La descripción de una anécdota intenta dar cuenta de los sentimientos de Lepore en relación a la pieza, "suelo recordar -apuntó- las palabras de una nieta a su abuela con quien hablaba por computadora: 'te toco, pero no te siento', si pensamos que el 93% de la comunicación humana es no verbal y este factor no está presente, se complica, pero nosotros aceptamos que la comunicación es imperfecta y puede cortarse y entonces hay que saltar de escena".
La dirección de “Odiseo.com” implica para el actor, prácticamente, "una dirección de fotografía capaz de cambiar según donde ubicamos el ipad, entre las marcaciones del director podés escuchar: 'quiero que en este momento te acerques tanto al aparato que sólo podamos ver tu boca o tu ojo', son las decisiones del director, el público sólo ve un recorte que los actores vamos haciendo", detalló Lepore, formado por el fallecido teatrista Juan Carlos Gené y Carlos Ianni, hoy al frente del Celcit.
Durante 65 minutos la experiencia dramática compite contra su naturaleza de hecho vivo para trasladar su dinámica a la comunicación mediada, sin perder de vista el hecho teatral, anzuelo que puede resultar seductor desde lo visual y narrativo, para acercar a los espectadores más jóvenes.
"Mi base y mi fuerte están en los maestros Gené y Ianni, ellos me enseñaron que los personajes son lo que hacen, tratamos de no juzgarlos, no importa si están colgados en un trapecio o dónde, Gené decia que el estado del teatro es en tiempo presente y con público", concluyó.
Las funciones se realizan los viernes a las 20 en Moreno 431 de la ciudad de Buenos Aires.
Resumo: O espetáculo multimídia Odiseu.com constitui-se em nova investida sobre o semovente território das novas ficções. Três cidades da América Latina sediam a realização, interconectadas via web, produzindo um novo périplo para Ulisses e sua cambiante libido que não sabe aonde vai chegar.
Três smartphones, plugados permanentemente no whatsapp, no twitter e no skype, essa é a rede em que se emaranha o novo Odisseu criado por Marco Antonio de la Parra. Santiago do Chile, Buenos Aires e Florianópolis são as três cidades – interconectadas via web – onde se desenrola uma ficção que se recusa a aceitar esse nome. Poderiam ser outros os lugares, poderiam ser outras as criaturas, poderiam ser outros os espectadores, mas nada aqui é garantia de ser algo mais que um pretexto para arregimentar cansados interessados em histórias&enredos&trânsitos com vagas referências ao teatro.
Entre nós, Marco Antonio de La Parra é conhecido através da montagem de A secreta obscenidade de cada dia, por Antonio Abujamra (1988). Mas esse psiquiatra chileno nascido em 1952 possui extensa obra dramatúrgica e literária, aclamado e premiado em diversos países, dedicando-se a explorar temas associados ao período da ditadura, da memória e história do país e, sobretudo, dos conflitos existenciais de sua classe média, como em Infieles (1988), El continente negro (1994), Monogamia (2000) e Suchi (2003). Odiseo.com nasceu de uma colaboração entre ele e o encenador André Carreira, cujas primeiras incursões cênicas foram realizadas no metrô de Buenos Aires nos anos de 1980, sem que o público soubesse que se tratava de teatro. Há, portanto, na trajetória de ambos, inúmeras congruências e interesses, tais como a referência ao real, o imaginário das classes médias, o poder das imagens e, nesse caso especificamente, as novas mídias. Espetáculo nascido através da rede mundial, Odiseu.com assinala uma dessas felizes realizações que interligam artistas diversos em países diversos operando em regime de colaboração.
Da Odisseia, restou uma vaga baforada: o incansável viajante pulando de continente em continente. Em seu rastro, duas mulheres – a esposa no Chile e a amante no Brasil – equitativamente divididas com uma colega de trabalho que, vez por outra, o acompanha em seu périplo mundial. Ele mesmo, nunca está em lugar algum, embora onipresente em todos através da nuvem, presença/ausência viabilizada pelo voip.
Recebi a mensagem via Facebook para estar a tantas horas no endereço tal e não me atrasar, pois os equipamentos de segurança do edifício seriam automaticamente bloqueados em seguida. Lá fui eu. Junto a outras quinze pessoas, formamos o público da sessão, no exíguo espaço de um apartamento de terceiro andar em Florianópolis. Uma mulher bonita liga o skype e, através da enorme tela da TV, vemos um homem nu acordar em Buenos Aires. Tentam certo jogo de sedução erótica, mas ele está atrasado e, após vestir-se, começa a fazer as malas para seguir viagem. Dali para frente, seis ou sete novas ligações serão realizadas entre as criaturas. Ele parece ser o novo Odisseu. Ela parece resumir Circe e Polifeno. Parecem.
No ciberespaço nunca se pode ter certeza de nada. É esse limite inconsistente a zona wi-fi onde nos metemos, por uma hora, junto àquelas criaturas, intermediadas pelas imagens e vozes, que remetem a algo, mas tão imponderável que duvidamos que efetivamente esteja ocorrendo. A ficção tem algum limite? Estou mesmo ali ou apenas fui teletransportado pela matrix, em mais um jogo de RPG que insiste em me fazer atirar em alguma das figuras que surgem à minha frente?
Me inquieto na cadeira, a mulher foi tomar banho e a sala fica vazia por um momento. Em 1956 o Living Theatre também havia convidado poucos espectadores para realizar uma das mais significativas encenações do século XX, The Connection, no exíguo apartamento do casal Julian Beck e Judith Malina, onde um filme sobre drogas supostamente era rodado. Os espectadores ficavam nauseados, a menos de vinte centímetros de um rapaz que, efetivamente, injetava heroína na veia. Aqui, Milena Moraes refaz esse mesmo jogo hiper-real, cujo desafio maior é ignorar nossa presença a seu lado. Mesmo quando se masturba diante da tela e é correspondida, em Buenos Aires, por Juan Lepore, num desempenho erótico que todos fazemos mas, em geral, no âmbito restrito da privacidade. As mulheres presentes se incomodam, mexem-se nas cadeiras. Os homens são mais impassíveis, talvez mais habituados aos sites de sexo explícito, mas nem assim indiferentes aos gestos frictícios dos dois performers.
Odiseo.com carrega numa das mãos a surpresa como fator de instigação, ou seja, a colocação em cena de uma situação à maneira pensada pelos situacionistas, uma reaparição de vida energizando o fluxo congelado de imagens do cotidiano. Na outra mão, uma proposta relacional, derivada daquela vontade de reconfigurar a convivência no âmbito das metrópoles do planeta. Micro e macro, próximo e distante, real e digital agitam jogos e fricções diversas, oferecendo aos espectadores um mergulho nas sensações.
Há drama, mas esgarçado, esfiapado, estiolado pela excessiva presença de telemáquinas. Tudo é autenticamente real, mas para projetar no imaginário mais que si mesmo, para saturá-lo em outra dimensão, talvez como alegoria, talvez como oximoro.
As criaturas surgem fechadas sobre si, hipostasiadas numa ética personalíssima e autorreferente, cujos limites não ultrapassam seu pequeno e breve prazer, sua cota de felicidade esgotada e apequenada pela ausência de qualquer ambição. Estão conectadas à nuvem, presenças cujas ausências se anunciam pelo toque de chamada para mais uma conversa que, mesmo diante de todas as expectativas, não leva a nada. A cada contato sobrevém um vazio, a cada interlocução, o prazer parece deslizar entre os dedos, perder-se em sua imaterialidade. Procurando um psicanalista para remediar seu progressivo desconsolo, Elisa ultrapassa a barreira e a ele se entrega pondo fim à análise de si; Ulisses, em permanente trânsito, não tem tempo sequer de amargurar-se com a traição confessada pela esposa, grávida de uma recorrente crise conjugal que a conduziu aos braços de outro. O circuito parece não ter fim – novas chamadas, novas criaturas, novos elos da rede se articulando ao infinito.
No Brasil, o público acompanha a última conversa entre os amantes: Elisa declara que não é uma Penélope para enfrentar uma interminável espera pelo outro, seguida de seus últimos gestos de saída para ir almoçar com a mãe. Ela não vê, assim, o que ocorre em Buenos Aires, onde o público local foi acomodado num ambiente de hotel executivo construído para abrigar Ulises, bem como a residência do casal em Santiago, de onde a performer Amalia Kassai faz uma única intervenção via skype. Supostamente, também os demais devem sair para as nuvens.
Odiseo.com constrói uma política de privacidade muito peculiar: todos podem ver tudo, mas ninguém pode fazer nada. “A simulação por computador permite que uma pessoa explore modelos mais complexos e em maior número do que se estivesse reduzida aos recursos de sua imagística mental e de sua memória de curto prazo, mesmo se reforçadas por este auxiliar por demais estático que é o papel. A simulação, portanto, não remete a qualquer pretensa irrealidade do saber ou da relação com o mundo, mas antes a um aumento dos poderes da imaginação e da intuição. Da mesma forma, o tempo real talvez anuncie o fim da história, mas não o fim dos tempos, nem a anulação do devir. Em vez de uma catástrofe cultural, poderíamos ler nele um retorno ao kairós dos sofistas”, adverte Pierre Lévy em suas conjecturas sobre o ciberespaço.
Uma tensão, portanto, entre uma experiência presencial e outra virtual, constitui o cerne de nosso espetáculo, meticulosamente pensado enquanto produção de sensações para suas plateias. O hiper-real contraposto ao hiper digital produz refrações, desloca sentidos, faz girar o imaginário, obtendo sua cota de não substância, anti aristotelicamente falando. Por isso, é sofista. É nessa acepção que Odiseu.com conjura, diante de todas suas ambiguidades, o sabido e o por saber, o dito pelo não dito, o feito pelo a realizar, trunfo maior de uma encenação que apostou no improvável.
Dela saímos menos certos do que entramos.
Referências bibliográfica:
BOURRIAUD, Nicolas. Arte relacional. São Paulo. Martins Fontes: 2013.
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. São Paulo. Editora 34, 2010, p. 127.
Edelcio Mostaço, pesquisador do CNPq, é doutor, professor da graduação e da pós-graduação da Universidade do Estado de Santa Catarina-UDESC.
con Teresita Galimany
12 de junio al 31 de julio
Miércoles de 19 a 21
con Ángel Solovera y Claudio Pueller (Chile)
15 de octubre al 19 de noviembre
Martes de 19 a 21
con Hernán Gené (España)
4 al 27 de noviembre
Lunes y miércoles de 13 a 15
con Gustavo Schraier
A demanda
65 minutos de video tutorías